Acreditamos que a área artística é um dos pilares essenciais a desenvolver na educação e no desenvolvimento humano integral. A Florescer integra a componente artística em todos os seus projetos, em diferentes contextos de aprendizagem, com crianças, jovens e adultos, incluindo na formação profissional de professores e em projetos curriculares multidisciplinares.
Através da componente artística conseguimos plasmar o nosso interior, mostrar os nossos dons e desafios, valorizando e afirmando a nossa individualidade – uma expressão de quem somos. Verificamos que, ao fazê-lo em contextos de aprendizagem, apoiamos as pessoas em processos de desenvolvimento profundos, de forma consistente, global e criativa, abrindo o campo para o autoconhecimento e para melhorias no campo emocional, físico-motor e social.
São utilizadas várias abordagens na área artística fazendo a sua interligação, inclusive, com conteúdos curriculares e projetos multidisciplinares em contexto escolar. A principal referência utilizada é a Terapia Artística Antroposófica, com experiência reconhecida ao longo de vários anos na área da educação.
O que é a Terapia Artística Antroposófica?
O impulso da terapia artística sucede no início do século XX, tendo como principal fundamento a Antroposofia, ciência espiritual desenvolvida pelo Dr. Rudolf Steiner. Baseia-se na visão do ser humano nos aspetos físico, psíquico (anímico) e espiritual. Foi a partir desta conceção ampliada do ser humano que Rudolf Steiner, juntamente com as médicas Ita Wegmann e Margarethe Hauscka, gerou as bases de ligação entre a medicina e a arte, criando a terapia artística. Em 1962, a Dra. Margarethe Hauscka fundou a primeira escola de terapia artística, em Boll (Alemanha). Este é o método - Dra. Margarethe Hauschka - em que abrange como meios terapêuticos a pintura, o desenho e a modelagem.
Quais são os benefícios da Terapia Artística?
A terapia artística ajuda a superar os obstáculos e as dificuldades emocionais, em que cada um é o agente da sua própria mudança em permente e permanente transformação. A pessoa é observadora da sua própria obra de arte e autocuradora levando a um reencontro do seu bem-estar, harmonia e equilíbrio (saúde). A terapia artística atua na integração do pensar, sentir e querer, sendo uma componente importante tanto ao nível físico como anímico.
É um valiosos elementos coadjuvantes no tratamento de patologias físicas e psíquicas. É aplicada em distúrbios do desenvolvimento em pedagogia psiquiatria infantil e todos os casos de doenças, desarmonias ou como processo de autoconhecimento e autodesenvolvimento.
De que forma são trabalhados os temas?
As propostas terapêuticas são desenvolvidas com o intuito de estimular as energias revitalizadoras e curativas de cada pessoa, ativando o seu potencial máximo criativo.
Os temas estão relacionados com a qualidade e vivencia da cor, forma, volume e espacialidade, que possibilita cada pessoa observar as leis arquetípicas que estão presentes em si e na natureza. É primordial que cada pessoa experiencie ao máximo todo o processo, sendo pouco relevante o resultado final da obra (aparência).
Nas primeiras sessões de terapia artística podem ser propostos temas livres para que cada pessoa possa familiarizar-se com a técnica e expressar verdadeiramente as suas tendências e conteúdos internos. Estas primeiras impressões ajudam o terapeuta a orientar na indicação dos temas ou exercícios cromáticos essenciais ao processo de cada um.
Que métodos terapêuticos são utilizados?
São utilizados vários métodos, fazendo a sua interligação de acordo com as necessidades observadas, dos quais se destacam os seguintes:
Pintura: Ajuda a alma a respirar (sistema ritmico – sentir).
A técnica utilizada é a aguarela que pode ser trabalhada em papel molhado ou seco. No primeiro método, a água contida no papel permite uma maior maleabilidade e fluidez ao pincel levando a pessoa ao encontro das cores criando espontaneamente novos tons. Este método atua ao nível orgânico estimulando todos os processos de excreção (funções glandulares).
No método do papel seco o trabalho é mais moroso e consciente, a pintura é feita em camadas, sendo necessário deixar secar bem a superfície pintada para sobrepor a próxima. Esta técnica é indicada para situações do foro emocional onde o resultado é de transparência e profundidade na luz, possibilitando a vivência de amplos espaços internos, distanciando-se das emoções para trazê-las à consciência. Ambos os métodos permitem que cada pessoa possa encontrar-se (a si mesmo) na ação prática, tomando consciência profunda da respiração através do movimento do pincel. Pinceladas longas e ritmadas colaboram no estímulo e na atenção do ato de inspirar e expirar. Pinceladas curtas e rápidas tendem a contrair a respiração. A pintura artística atua para todas as situações onde o sistema rítmico (respiração e circulação) esteja afetado (sentimentos de medo, ansiedade, stress, asma, bronquites, etc..).
Desenho: Como representação do pensamento (sistema neuro-sensorial: pensar).
Propõem-se trabalhos ao nível do equilíbrio espacial e da concentração através do desenho de forma e do desenho dinâmico. Estas técnicas auxiliam as pessoas que tenham dificuldade de concentração, atenção, compreensão lógica de conexão e outros aspetos que afetem mais diretamente o pensar.
Modelagem : É ter a audácia de moldar a nós próprios, penetrando no nosso próprio corpo (sistema metabólico-motor: quer/vontade).
Esta técnica pode ser realizada com barro ou cera de abelha (moldar com as mãos para as crianças) permitindo a que cada pessoa tome consciência dos processos que está a vivenciar, desde a plasticidade, possibilidades de transformação até ao encontro da forma final. A modelagem mobiliza e harmoniza o agir, beneficia pessoas que têm dificuldade a nível metabólico-motor, ajuda a dar contornos, limites, fortalece a vontade, traz uma força e presença ordenadora para dentro do corpo. É através da componente artística que conseguimos plasmar o nosso interior e mostrar os nossos limites valorizando e afirmando a nossa individualidade – expressar a nossa alma.